sábado, 26 de junho de 2010

Meu amigo Joca


O Joca é uma figura!
Durante a vida temos que fazer muitas escolhas.
Uma escolha sempre significa abrir mão de algo. Afinal, se em uma bifurcação escolhemos virar a esquerda, abrimos mão de virar a direita. Se escolho a empresa X para trabalhar, abro mão da empresa Y e assim por diante.
Outra lei natural, é a lei da ação e reação. Se eu ponho a mão no fogo ela queima, se eu jogo uma bola para cima, ela cai e assim por diante. Ou seja, para tudo que fazemos existe uma conseqüência.
Isso tudo é ridiculamente óbvio.
Não para o meu amigo, Joca!
Ele parece que desconhece essas obviedades.
Ele acha que essa conversa de ação e reação e de conseqüências não funciona com ele e quando funciona ele fica puto (o Joca fala muito palavrão!)
Um dia desses estávamos conversando e ele me contou que tinha parado numa vaga de deficientes e quando voltou havia uma multa.
- Eu fui comprar um negócio rapidinho e quando voltei... tava lá a multa – disse o Joca.
O Joca é assim, com ele é tudo sempre rapidinho. Ele pára na faixa de pedestre rapidinho, passa rapidinho pela faixa exclusiva dos ônibus, fura a fila no banco porque o que ele vai fazer no caixa é rapidinho. É uma figura!
O Joca não é qualquer um não! Já foi até para a Europa! Voltou de lá maravilhado com a educação daquele povo.
- O duro é depois ter que conviver com esse povinho mal educado aqui do Brasil – lamentava o Joca.
Outro dia encontrei ele em um churrasco (eu sempre encontro o Joca em eventos sociais, ele é muito popular!) e ele já foi me contando, todo animado, um dos seus casos engraçados.
Dizia ele:
- Cara, Sabadão fui para a praia e na estrada um palhaço de um policial me parou (O Joca não gosta desse tipo de gente). Adivinha... a documentação do meu carro não estava em ordem e o maluco já ia metendo a caneta. Não tive dúvidas - continuou o Joca - joguei cinquentinha na mão dele e beleza, me liberou!
É um fanfarrão esse Joca!
O que eu achei interessante é que, algumas horas depois, nesse mesmo churrasco, estava lá o Joca na rodinha de amigos metendo a língua naquele político famoso, aquele... do dinheiro na meia.
- É um filho da puta, ladrão, corrupto – Dizia o Joca cheio de indignação.
As vezes o Joca é meio... incoerente.
Semana passada encontrei ele na padaria.
Ele estava uma fera! Também, coitado, vive cercado de filhos da puta!
Tinha comprado um carro que depois de um mês estava com o motor fundido. Pobre Joca!
No entanto, depois da nossa conversa, enquanto eu lentamente caminhava para casa, me lembrei que, em outra ocasião, ele havia me contado cheio de felicidade que tinha vendido aquela TV velha que ele tinha e que estava toda escangalhada.
- Fiz uma gambiarra e o maluco comprou sem pensar! – me dizia cheio de orgulho o Joca.
É uma figura!
O dia que eu vi o Joca mais nervoso, foi o dia em que ele ficou preso na enchente.
- Onde é que esses merdas enfiam meu dinheiro! - exclamava o Joca.
Ele estava muito bravo mesmo!
Porém, se não me falha a memória, eu já vi o Joca jogando lixo pela janela do carro... ou será que foi jogando entulho naquela esquina abandonada. Bom, vai ver eu estou enganado.
Mas o Joca é assim mesmo. Ele sempre fala: Não tô nem aí maluco!
O que? Você também conhece o Joca? Puxa você conhece mais de um Joca?
Que coincidência!
Bom já que você também o conhece, me permita terminar esse texto mandando um “salve” para esse figura que é o Joca:
“JOCA... vai pra puta-que-o-pariu!”

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Pensar para aprender


Para que a aprendizagem aconteça é importante que o aprendiz pense.
Quando fala-se em ensino, naturalmente a figura dos pais e professores vem à tona.
De fato, pais e professores convivem com as relações de ensino e aprendizagem diariamente e várias vezes por dia. No entanto, as situações em que alguém ensina e alguém aprende estão presentes no cotidiano de todos nós nos mais variados níveis de formalidade.
Por mais que a afirmação “para que a aprendizagem aconteça é importante que o aprendiz pense” pareça óbvia, nem sempre quem está na posição de ensinante permite que o outro pense.
Permitir que o outro pense pressupõe dar tempo para a assimilação do novo conhecimento. Muitas vezes quem está ensinando tem pressa.
Permitir que o outro pense supõe que se abra espaço a dúvidas e perguntas sem que o aprendiz se sinta tolo. Com efeito, perguntar é uma manifestação de inteligência.
Permitir que o outro pense presume aceitar que outro levante hipóteses e em seguida confirmar ou não essas hipóteses.
Permitir que o outro pense implica em aceitar o erro e reorientar.
O que se observa é que nem sempre esses pressupostos acontecem.
Quando alguém ensina algo é importante convidar quem está aprendendo a pensar junto e não criar um mero receptor e repetidor de informações.
Mesmo a escola, que é a instituição formal de ensino, muitas vezes incentiva e exalta o aluno repetidor e desvaloriza e reprova o aluno criativo, explorador e autor.
O ensinar e aprender genuínos exigem muito mais esforço por parte de que ensina e de quem aprende. Para ensinar de fato o ensinante deve pensar, elaborar, respeitar, resgatar e retomar. Para aprender de fato o aprendiz deve ouvir, questionar, comparar, deduzir, concluir, testar e retomar. É indiscutível que ouvir e repetir é mais fácil.
Portanto, a próxima vez que você estiver ensinando ou aprendendo... pense nisso.

Para saber mais leia: “Os idiomas do aprendente” de Alicia Fernandez.