sexta-feira, 16 de julho de 2010

Rap Do Tempo


Cuide da sua vida
Por que ela é uma só
Não se engane
Um dia todos nós voltaremos a ser pó

Enquanto isso
Aproveite, viva bem, não lamente
Agradeça o que tem
Siga em frente, sobre o tempo
Não se esqueça, todo mundo tem

Para melhor gerenciar
E saber como usar
Nosso precioso tempo
Temos que primeiro mudar
Sermos nós os responsáveis
E o tempo não culpar

Tantas coisas pra fazer
Não sei por onde começar
Importante é ter em mente
Estarmos sempre conscientes
Daquilo que é urgente
E do que dá pra esperar
Sem esquecer daquelas coisas
Que temos que eliminar

Auto-conhecimento também é fundamental
Não se deixe enganar , hoje em dia é normal.
Tanta coisa aconteceu, Opa quem sou eu?
Achei que era inspiração, quando vi ...
Pura manipulação

Sonhos todos temos
É saudável, essencial
Porém muito cuidado
Pra não sonhar errado
Pra quando perceber não estar encurralado
Em um túnel sem saída,
Ali, paralisado.
Junto com o sonho, nunca realizado

quarta-feira, 7 de julho de 2010

“Socorro... não estou sentindo nada” (Arnaldo Antunes/Alice Ruiz)


Voltando de carro do trabalho para casa com um amigo, presenciei um incidente chocante.
Estávamos na Av. Salim Farah Maluf, quando ouvimos vários insultos vindos de um carro ao nosso lado. Fato que fez com que meu amigo perguntasse se a bronca era conosco.
Logo percebemos que os insultos não eram para nós e sim para um motociclista que, de súbito, estava ao lado do carro.
A essa altura eles estavam bem na nossa frente. O motociclista também proferia uma série de impropérios contra o motorista, inclusive tentando atingir o carro com chutes.
Para nossa surpresa o condutor do carro sacou de uma arma e atirou em direção ao motociclista, que rapidamente tratou de acelerar sua moto e sumir da nossa vista.
Tudo isso aconteceu de forma muito rápida e por um daqueles caprichos do acaso, o tiro não atingiu seu objetivo.
Infelizmente, sabemos que esse não foi um episódio isolado, ouvimos notícias semelhantes quase todos os dias. No entanto, o fato de presenciar tão de perto uma cena violenta como essa, aproximou-me de uma realidade que, sem percebermos nos tornamos um pouco insensíveis. Insensibilidade que funciona como armadura para nos proteger, para nos preservar.
Não sei exatamente o que aconteceu antes, nem tampouco a quanto tempo os dois protagonistas daquela cena vinham “se estranhando”, o que sei é que nada justifica a tentativa de tirar a vida de uma pessoa por causa de um desentendimento no trânsito.
Passado o susto, comecei a refletir sobre o que leva alguém a chegar ao ponto de um ato tão atroz contra um total desconhecido.
Fiquei imaginando, que se a situação fosse outra e esse encontro acontecesse em uma festa ou em um encontro de amigos em comum, talvez essas duas pessoas se tornariam amigos, cada um apresentaria sua família ao outro, contariam piadas e poderiam ter uma convivência saudável.
Nada disso foi levado em consideração no calor da situação e por muito pouco a tragédia seria maior e mais uma vida seria apagada e mais uma vítima viraria um número que seria somado as estatísticas criminais.
O que temos que voltar a sentir, é que não é só um número a mais nas estatísticas.
Quando situações como essa são levadas a cabo, mortes acontecem.
Vidas provavelmente cheias de planos e sem dúvida com futuro pela frente terminam ali.
Em uma fração de segundos uma família é desestruturada.
Em uma fração de segundos cria-se órfãos, viúvas, pais desesperados e um sentimento social de impotência.
Comecei a refletir sobre o que leva um ser humano a tomar uma atitude dessas e concluí que não é um ou outro elemento isolado que causa esse tipo de comportamento. De fato, ele é resultado de alguns princípios ou a falta deles, que combinados produzem atos truculentos, bárbaros e cruéis.
Pessoas que agem dessa forma não incorporaram esses valores ou perderam-os no decorrer da vida.
Portanto, esses atos são desfechos de histórias que começaram há muito tempo. Um acontecimento como o narrado acima não começou momentos antes do ocorrido, atitudes “impensadas” como essa, de fato, começaram a acontecer anos atrás.
Os autores da cena que presenciei não surgiram de repente, eles têm uma trajetória, têm crenças, fizeram escolhas, foram moldados pela vida.
Diminuir ocorrências desse tipo não é só uma questão de punir os culpados. Precisamos com urgência mudar paradigmas sobre os quais nascem e se desenvolvem esses atos.
Temos que voltar a ver a vida como algo precioso.
Temos que ensinar isso a nossas crianças.
Não só com palavras mas com exemplos.